A moeda americana abriu os negócios em queda, mas o movimento não durou muito e o dólar passou a subir. Operadores relatam que a saída de fluxo de estrangeiros prosseguiu neta quarta, mesmo com o mercado parado nos Estados Unidos. Só este mês, houve saídas de líquida de US$ 12,987 bilhões em novembro pelo canal financeiro. A liquidez no câmbio segue mais estreita, de acordo com indicadores monitorados pelo mercado. A taxa do FRA de cupom (derivativo cambial ligado aos juros em dólar), uma medida da rentabilidade dos estrangeiros no Brasil, de curto prazo segue em níveis acima das médias de outubro. Quanto mais alta a taxa do FRA, a sinalização é que maior é a demanda pela moeda no mercado à vista, ressalta operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado Neto. Em outubro, mês de calmaria no mercado em meio a lua de mel dos investidores com Jair Bolsonaro, as taxas de curto prazo do FRA estavam perto de 3%, mas no final de novembro ultrapassaram 4%, levando o BC a fazer leilões de linha (venda de dólar à vista com compromisso de recompra).
Para o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, ex-diretor do BC, o cenário externo mais desafiador vai exigir ainda mais urgência do novo governo para avançar com as reformas, especialmente a da Previdência. Sobre a intenção de fatiar a reforma, sinalizada na noite de terça por Bolsonaro, Mesquita acha que faria sentido "não desperdiçar esse trabalho que já foi feito" por Michel Temer, que já tem proposta no Congresso. "O trâmite todo já foi realizado."
O ex-diretor do BC ressalta que se esse texto do Temer for, ao menos em parte, aproveitado, a reforma poderia ser aprovada em "março ou abril" de 2019. Já se Bolsonaro quiser ter um texto novo, com a tramitação do Congresso começando do zero, a aprovação só poderia vir a partir de "setembro ou outubro". No cenário externo, ele destaca que o crescimento mundial segue forte, mas está se desacelerando e o cenário está ficando mais nebuloso para os Estados Unidos.
(Com Agência Estado)
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