Só o custo de manufatura de um modelo compacto no Brasil gira em torno de US$ 1,4 mil no Brasil, valor equivalente ao dos EUA e Japão. No México, o custo é de US$ 600, na Tailândia de US$ 500 e na China, de US$ 400. O Brasil só é mais barato que a Europa Ocidental, especialmente Alemanha e Reino Unido, onde o custo sobe para US$ 1,8 mil, segundo dados da PricewaterhouseCoopers (PwC).
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O custo de montagem inclui basicamente mão de obra, material indireto e energia e água e tem peso de 20% no processo produtivo total |
Ostermann esteve no Brasil na semana passada e ressalta que construir uma fábrica local custa mais que nos EUA e na Europa. Os impostos sobre equipamentos e maquinários para a produção são um dos principais itens nessa conta. Outro item é o custo da mão de obra, que leva em conta também o tempo gasto na produção. E tem ainda o alto preço da matéria-prima.
Segundo Ostermann, americanos e chineses (de empresas com joint venture internacional) levam em média 15 horas a 19 horas para produzir um automóvel. No Brasil, são necessárias de 26 a 30 horas, levando em conta o mesmo nível de automação da fábrica e do produto.
"Os trabalhadores brasileiros precisam ser mais flexíveis", afirma Ostermann. Ele lembra que, nos EUA, montadoras e dirigentes do UAW, o principal sindicato dos metalúrgicos, tiveram de rever acordos para evitar o colapso da indústria local. Ele defende uma ação conjunta entre empresários e trabalhadores para evitar situação semelhante à das montadoras americanas, que tiveram de renegociar os contratos trabalhistas no recente processo de reestruturação.
Ainda assim, o Brasil atrai montadoras porque tem mercado interno crescente. É o quarto maior em vendas, atrás de China, EUA e Japão. Tem uma relação de sete habitantes por veículo, enquanto nos mercados maduros a paridade é de um a dois por habitante. Some-se a isso a estagnação de vendas nesses mercados e a crise na Europa.
"As empresas vêm para o Brasil porque não têm outra opção", diz Ostermann. Enquanto o mercado interno for atrativo, elas virão, até porque os demais países, com exceção dos emergentes, estão estagnados. Ele ressalta, contudo, que o mercado brasileiro equivale a 15% do chinês. E lá a relação de habitantes por veículo mostra potencial muito maior, assim como na Índia.
Além disso, o País vem perdendo exportações, por falta de competitividade. Com raras exceções, as novas montadoras, assim como as mais antigas, também não têm planos de desenvolver projetos locais.
Diferenças internas. O presidente da General Motors América do Sul, Jaime Ardila, confirma os altos custos para produção no Brasil e acrescenta que há também diferenças internas, principalmente em relação à mão de obra. "Produzir em São Paulo, por exemplo, é o dobro do custo em relação ao Rio Grande do Sul, Bahia e Minas Gerais." A diferença, porém, pode ser amenizada porque a logística para distribuir os carros feitos em outros Estados é outro fator de custo.
Na opinião de Ardila, para mudar esse cenário o País precisaria mudar as leis trabalhistas, possibilitando mais flexibilidade nas contratações, diminuir e simplificar a carga tributária e reduzir custos logísticos. "Parabenizo o governo pelas ações que tem tomado, mas ainda não são suficientes." Ardila discorda apenas de que construir uma fábrica no Brasil é mais caro que em outros países. "Para nós, o custo é muito similar, e gira em torno de US$ 600 milhões."
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