"Nós vimos aí a irresponsabilidade do presidente Trump, que é um fanfarrão, de maneira irresponsável criando um tumulto. Então a plataforma Brics pode ser o plano A, o plano B, como deve ter outras plataformas. E é importante realmente dar continuidade, continuidade na questão diplomática. Os ministros nossos devem estar sempre mais atuantes", disse Pinato em entrevista à imprensa nesta quinta-feira, 24, após a reunião com os chanceleres dos Brics, chamados de sherpas.
Segundo o parlamentar, é necessário negociar com parceiros comerciais do Brasil com pragmatismo, de acordo com os interesses nacionais, deixando de lado questões ideológicas "defasadas".
"O presidente Trump é um tipo de presidente que deve ser levado a sério. Eu acho que um cara líder de uma nação querer criar toda essa confusão vai passar a vergonha, já está passando vergonha", disse Pinato. "Eu acho que o Brasil, eu gostei muito da postura do governo, eu sou um cara independente, (mas a postura brasileira) foi muito firme. Nós não somos mais colônia."
Uma das ferramentas que poderiam ser usadas para facilitar o comércio empresarial nesse cenário de incerteza global com países parceiros seria o Banco dos Brics, defendeu o parlamentar, citando a possibilidade de tarifas diferenciadas, financiamentos e garantias.
Quanto à participação de movimentos sociais no encontro dos Brics, Pinato crê que haja espaço para que o Brasil ajude outros países a avançarem em pautas e demandas desses setores, mas recomenda cautela, defendendo que a prioridade é a pauta econômica.
"No momento eu prefiro ficar com a pauta tecnologia, reindustrialização, pragmatismo e resultado efetivo", disse ele.
Movimentos sociais, representantes da sociedade civil organizada e outros agentes não governamentais entregaram o documento Brics People to People ao sherpa brasileiro, embaixador Mauricio Lyrio, além dos demais chanceleres de países do grupo. O documento resumia recomendações sobre temas prioritários como governança mundial, educação, saúde e tecnologia digital.
No encontro desta quinta-feira, porém, os diplomatas puderam ouvir também os representantes defenderem bandeiras adicionais, como a adoção de uma alternativa ao dólar como moeda de referência em transações comerciais e financeiras internacionais, relatou o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile. Outras demandas trataram de uma possível inclusão de mais países no grupo e uma eventual atuação dos Brics para socorrer países vítimas de guerras e crises humanitárias.
"Comentamos com eles da importância de fato de os governos botarem mais prioridade no banco dos Brics, que está lá presidido pela nossa presidenta Dilma (Rousseff). Então, o Brics tem que sair da burocracia que está agora e se transformar de fato num banco de desenvolvimento do Sul Global. Sul Global como conceito geopolítico, não geográfico", acrescentou Stedile, defendendo a necessidade de investimentos na industrialização, incluindo a cadeia de produção de alimentos.
(Com Agência Estado)
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