Na retomada dos negócios nesta quarta de cinzas, 5, a pressão colocada por Petrobras sobre o Ibovespa foi mais do que compensada pela alta de 0,80% em Vale ON e de 1,43% (Santander Unit, máxima do dia no fechamento) a 2,05% (Bradesco PN) entre os papéis das principais instituições financeiras, o setor de maior peso no índice. Na ponta ganhadora, Embraer (+8,79%), Marfrig (+7,04%) e Ambev (+4,58%). No lado oposto, Brava (-8,27%), Automob (-4,00%) e Ultrapar (-3,79%), além de Petrobras.
"Petrobras, Prio (-2,10%) e Brava tiveram queda expressiva", com o petróleo em retração pela quarta sessão consecutiva, aponta Luise Coutinho, head de produtos e alocação da HCI Advisors, mencionando a preocupação dos investidores ante a confirmação dos planos da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de levar adiante a elevação da produção em abril - além de o Departamento de Energia dos EUA ter informado que os estoques da commodity aumentaram na semana.
Dessa forma, o contrato da referência americana para abril, o WTI, caiu hoje 2,85%, a US$ 66,31 por barril, em Nova York, enquanto, em Londres, a referência global, o Brent, cedeu 2,44%, a US$ 69,30 por barril, nos contratos para maio.
Como pano de fundo global neste meio de semana, os investidores também ponderam as tarifas impostas pelo presidente americano, Donald Trump, a Canadá, China e México - o que contribui para o reforço das tensões comerciais, destaca a analista. Ainda assim, em Nova York, os principais índices de ações renovaram máximas do dia em paralelo à divulgação do Livro Bege, sumário das condições econômicas regionais nos Estados Unidos, reportado pelas distritais do Federal Reserve, o BC americano.
O levantamento mostrou leve aumento na atividade econômica em janeiro nos EUA, mas sinalizou, também, gastos do consumidor mais baixos e ampliação no ritmo de elevação dos preços em vários distritos. No fechamento, Dow Jones +1,14%, S&P 500 +1,12% e Nasdaq +1,46%.
"A percepção é de que o Brasil saiu de alguma forma beneficiado nesse primeiro momento, depois das tarifas, porque não foi onerado. Relação com os Estados Unidos pode sair até fortalecida, o que se refletiu por aqui na queda do dólar frente ao real", diz Virgílio Lage, especialista da Valor investimentos. O Brasil é um dos raros parceiros comerciais dos Estados Unidos com o qual o país do norte mantém superávit. Assim, o dia foi não apenas de leve alta para a Bolsa brasileira como também de forte retração no câmbio - com o dólar em queda de 2,71%, a R$ 5,7560 - e de ajuste de baixa na curva de juros doméstica. "Não fosse Petrobras e o petróleo, o Ibovespa teria um desempenho bem melhor na sessão", ressalta.
Conforme relato da Bloomberg, o governo dos EUA considera adiar em um mês as tarifas impostas às montadoras de México e Canadá, disseram fontes. Segundo algumas delas, funcionários da gestão Trump se reuniram na terça-feira para discutir o assunto com os líderes da Ford, General Motors e Stellantis. Outra reunião sobre o possível alívio tarifário estava marcada para esta quarta-feira na Casa Branca, disseram as fontes.
"De certa forma, o mercado tem mostrado resiliência, mas sem propulsão para uma guinada", observa Jonatas Faura, especialista em alocação de ativos na WIT Invest. "Na primeira quinzena de fevereiro, o Ibovespa até se beneficiou de queda do dólar, mas, na última semana do mês, o dólar voltou a subir", acrescenta. Ele destaca as expectativas para o Copom - que deve voltar a elevar a Selic em março - além das incertezas internas e externas, que dificultam que o Ibovespa encontre forças para um avanço sustentado - o que faz com que o índice da B3 "patine" na faixa de 125 mil a 128 mil pontos, diz Faura.
(Com Agência Estado)
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