Ela atenta, porém, que, onze anos atrás, esse aumento das importações acompanhava, também, um maior volume de investimentos no País. No cenário atual, contudo, as importações têm crescido sem que a taxa de investimento esteja próxima daquela observada em 2013. "Em 2013 também tivemos um crescimento do PIB na casa de 3%, mas investimentos da ordem de 21% do PIB, que era uma das maiores taxas da história. Hoje o investimento está na casa de 16%, 17%, bastante abaixo da necessidade do País", detalhou ela, durante entrevista coletiva de apresentação de dados da Abimaq em outubro.
Com isso, diz Zanella, a participação das importações em relação ao tamanho total do setor é bem maior agora, e por isso há preocupação com a perda de protagonismo do conteúdo nacional. "O consumo aparente em 2013 era da ordem de R$ 481 bilhões, com as importações representando cerca de 30% disso. Hoje, temos um consumo de R$ 305 bilhões, dos quais 45% é bem importado. Houve um crescimento muito forte da participação dos importados", frisou. Para ela, questões como a diminuição do juro e do "custo País" são os principais gargalos para serem resolvidos, no sentido da retomada do protagonismo da indústria nacional.
Só em outubro, as importações cresceram 6,1% na margem e 32,4% em relação ao mesmo mês de 2023.
Máquinas agrícolas'
Ao comentar o crescimento das importações de máquinas agrícolas, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, citou o avanço da produção chinesa sobre o País. Ele disse que a participação de máquinas e equipamentos agrícolas do país asiático no Brasil aumentou cerca de 40% no último ano. O total de máquinas agrícolas chinesas, contudo, representa apenas cerca de 1,4% do mercado nacional, segundo ele.
Embora reconheça que a China é sempre um mercado extremamente competitivo, ele destacou que esse avanço, por ora, ainda não preocupa, porque o país asiático não possui fábricas do setor instaladas por aqui e não oferece um apoio "pós-venda" aos consumidores. "Porque não dá para vender máquinas aqui, sem ter pontos de pós-venda, pontos de revenda ou de peças de reposição", disse.
"E sem fábricas por aqui, você tem uma barreira muito grande que é a questão do conteúdo local. No financiamento do plano Safra, por exemplo, você precisa ter conteúdo local. Com máquinas importadas você não consegue acessar o plano safra", reforçou.
(Com Agência Estado)
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