Regina Inácio, de 73 anos, vive numa casa alugada na periferia de Cuiabá, no bairro São João Del Rey, cuidando sozinha de um filho acamado. Na semana passada, ela foi vítima de uma fake news e acusada de servir como “isca” para criminosos na Capital. Agora, numa entrevista emocionante ao Cadeia Neles, da TV Vila Real, ela afirmou não guardar mágoas de quem espalhou os boatos e explicou que precisa chorar na rua para não desencadear crises no filho.
O falso alerta foi disparado em grupos de WhatsApp depois que Regina foi flagrada chorando em diversos pontos da cidade. A narrativa era de que ela estaria fingindo passar mal para sensibilizar motoristas que passavam no local. Na sequência, supostos comparsas da idosa entrariam em ação para roubar os veículos.
A verdade veio à tona quando a Polícia Militar, por meio da tenente coronel da Polícia Militar, Athayses, comandante do 24º Batalhão, desmentiu os boatos. Ela esclareceu se tratar de uma senhora idosa que passava por problemas financeiros, além de cuidar sozinha de um filho acamado.
Ao Cadeia Neles, Regina contou que paga R$ 1 mil por mês de aluguel, além de arcar com os remédios do filho, que sofreu um traumatismo craniano. Muitas vezes os medicamentos estão em falta nos postos de saúde. Os cuidados com o filho, a moradia e todas as outras despesas da casa precisam ser custeadas com uma aposentadoria e um auxílio-doença. Além disso, a idosa fez um empréstimo no valor de R$ 9 mil para pagar as despesas.
“Não consigo receber o salário integral. Muitas vezes não tem o remédio nos postos, e eu tenho que comprar. Já fiz o cadastro no CRAS. O mais urgente é o alimento, e agora dia 10 é o dia do aluguel, que pago R$ 1 mil. A água está atrasada há dois meses. A energia está cortada”, lamenta.
A sobrecarga financeira também é acompanhada do cansaço físico. Abandonada pelo marido ainda na gravidez, Regina criou dos filhos sozinha. Agora, com um deles acamado e com crises recorrentes de epilepsia, ela precisa prestar todos os cuidados ao rapaz.
“Eu tenho que fazer tudo. Tem vezes que ele não vai no banheiro, suja a casa toda. Três horas da manhã para lavar a casa, haja produto de limpeza. Tenho um outro filho que mora no Nilo Baracat, mas que também está lutado com um filho pequeno doente. E esse filho não tem condições de me ajudar”, disse.
Regina explicou que muitas vezes sai de casa para ficar sozinha e chorar. Segundo ela, quando está em casa e chora, muitas vezes o filho entra em crise por perceber o sofrimento da mãe.
Apesar da realidade dura, Regina disse não desejar nenhum mal às pessoas que espalharam boatos sobre ela. “Eu quero que Deus tenha misericórdia, porque o que eu estou passando, eu não desejo para ninguém”, encerrou.
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