A presidente da Associação de Pacientes Apoio Medicinal e Pesquisa em Cannabis de MT (Aspampas-MT), Carolina Meireles, disse ao HNT TV que o maior desafio da organização é desmistificar a "demonização" da planta usada na fabricação de remédios que contribuem com a qualidade de vida a autistas e portadores de síndromes raras, como a do seu filho, Vicente Meireles, de 13 anos.
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Carolina é direta quanto o motivo: "estamos falando de maconha". Para não perder o foco, ela ressignificou, usando a resistência e o preconceito à planta como combustíveis à sua luta. A determinação foi alimentanda quando os primeiros resultados começaram a aparecer.
Provocações repetidas da Aspampas à Assembleia Legislativa (ALMT) e Câmara de Cuiabá implicaram na aprovação de duas leis, uma a nível estadual e outra municipal, garantindo o fornecimento dos remédios à base de canabidiol, óleo extraído da maconha, pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A maconha é uma planta que foi demonizada, desmistificar isso tudo é um processo
"Estamos falando do preconceito que existe na sociedade com um planta. A maconha é uma planta que foi demonizada, desmistificar isso tudo é um processo e a gente tem legisladores que também têm esse pensamento e, por isso, a gente traz informações, promove audiências públicas para levar conhecimento", explicou.
Carolina conheceu a cannabis quando o filho tinha sete anos, assim que Vicente começou a ter convulsões. As crises que eram isoladas passaram a ser cada vez mais recorrentes até ela contar 60 por dia. A solução foi um medicamento à base da planta. A única barreira era o custo: R$ 4 mil por frasco. Vicente precisava de dois para cumprir o tratamento por mês, elevando os gastos para R$ 8 mil; isso sem colocar no papel as terapias complementares.
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"Como você pensa em custear o tratamento de uma criança que precisava de dois fracos ao mês de um medicamento que custava R$ 4 mil cada frasco? Estamos falando de um orçamento de R$ 8 mil para uma família. Eu sou artesã e culinarista, é difícil. O meu marido é motorista. Estamos falando de família que não tem renda o suficiente. A gente não tem renda baixa, mas nossa renda não é compatível", falou.
Foi quando a história de uma associação fundada no Rio de Janeiro por pais que viviam a mesma realidade lhe foi apresentada. Carolina se inspirou e, junto de outras mães, deu início ao processo de abertura da Aspampas. No curto tempo de existência, a ONG conseguiu romper o conservadorismo, mudando a legislação de Mato Grosso, e viu pacientes recebendo os remédios de graça em suas casas.
Mas Carolina não se dá por satisfeita. O próximo passo é consolidar o projeto da primeira fazenda de cannabis no estado. A ação é desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo.
"É caminhar... a gente precisa que as pessoas enxerguiem a cannabis como medicamento. O uso recreativo a gente fala lá na frente", concluiu a presidente.
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