A 'armadilha da renda média', na perspectiva do economista Mauricio Munhoz, tem atravancado os avanços econômicos de Cuiabá. Com boa parte da população em empregos informais ou mal remunerados, a 'roda' da economia acaba prejudicada e a população mais refém de serviços públicos. É o contrário de municípios que dispontam no cenário econômico Mato-grossense, como Sorriso (387 km de Capital) e Rondonópolis (218 km de Cuiabá), que têm conseguido diversificar as atividades, mantendo a economia da cidade aquecida.
Sem a intervenção estatal para contornar o problema, o economista alerta que as cidades pujantes do interior podem ultrapassar o Produto Interno Bruto (PIB) de Cuiabá já em 2028. O enfraquecimento da economia cuiabana pode representar, dentre outras coisas, mais dificuldade de arrecadação e de gestão dos serviços públicos.
"O que acontece em Cuiabá, na minha opinião, é um grande problema. Tem emprego? Tem. Estão precisando de gente em todo lugar. Mas nós temos o que se chama de armadilha da renda média, são empregos em que o salário é muito baixo, muito mal remunerados ou informais, sem proteção trabalhista nenhuma. A armadilha da renda média é isso: tem emprego, mas a renda é muito baixa. Em Sorriso, que é uma dinâmica mais complexa da economia, a média salarial é muito melhor", pondera Munhoz.
As remunerações mais vantajosas acarretam consequentemente na aquisição de produtos e contratação de serviços de maior qualidade, por valores maiores, aquecendo o cenário econômico da cidade e gerando mais oportunidades de emprego e renda. Em Cuiabá, a perspectiva é de que as coisas não melhorem, caso a cidade não se torne atrativa para novos investimentos. Um dos pontos chave, conforme o economista, será a chegada dos trilhos da ferrovia à Capital.
"Se a ferrovia chegar aqui deve atrair um número muito grande de empresas. Empresas de logística, talvez indústrias. A ferrovia é um grande atrativo, acaba com a distância. Mas tem outras formas também de crescer a economia, o turismo, a economia verde, que é promissora na economia. Cuiabá pode ser um centro logístico da economia verde tanto para turismo, quanto para empresas se instalarem aqui. Por exemplo, empresas de crédito de carbono podem montar escritórios aqui, como a Amaggi está aqui, o Grupo Bom Futuro está aqui. Precisamos da estrutura para atrair empresas para cá", alertou Munhoz.
Se medidas não forem tomadas com urgência, o economista acredita que Cuiabá perderá o primeiro lugar no rankings do PIB dos municípios de Mato Grosso. Para ele, Rondonópolis deve ser o primeiro município a alcançar Cuiabá, seguido de Sorriso e Sinop.
O estudo mais recente sobre o PIB dos municípios mato-grossenses foi divulgado na última semana. Ele pode ser acessado aqui.
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