A Associação de Pacientes de Apoio Medicinal e Pesquisa em Cannabis de Mato Grosso (Aspampas) planeja a implantação de uma fazenda para iniciar o plantio da cannabis, popularmente conhecida como maconha. A plantação da erva tem fim medicinal, sendo utilizada para pacientes com síndromes raras que dependem da extração do ativo da planta para produzir óleos que amenizam dores e diminuem crises epiléticas, por exemplo. O projeto pioneiro no Estado segue em fase de estudo do solo. Associados já sinalizaram a doação de áreas em Chapada dos Guimarães (62 km de Cuiabá) e Santo Antônio de Leverger (33 km de Cuiabá).
"Não costumamos dar o endereço das nossas terras, pois é um material visado pelo seu alto valor econômico. Mas ficam nessas cidades. Recebemos as doações de associados. Esses locais têm as condições de umidade e propriedades ideais para o plantio", explicou a presidente da Aspampas, Carolina Meireles, ao HNT.
A presidente é militante da causa motivada pela condição clínica do filho que alia a cannabis ao tratamento. O remédio do adolescente é importado, vem dos Estados Unidos e custa cerca de R$ 4 mil. A mãe não trabalha, pois cuida do filho em tempo integral. O pai está desempregado. Carolina não tem autorização judicial para plantar em casa e produzir o óleo caseiro para dar ao menino. Ela depende da solidariedade de amigos para comprar ou de doações de outras mães do país que enfrentam a mesma condição.
Carolina disse que não consegue obter o remédio via Sistema Único de Saúde (SUS), embora tenha liminar na Justiça. O preço elevado dificulta a concepção por meios públicos. A fazenda de cannabis supriria esse gargalo, oferecendo a quantidade da erva suficiente aos pacientes para produzirem o óleo medicinal.
"Nós temos direito, mas o acesso é difícil. Plantar é nossa saída para levarmos a mínima sensação de conforto e bem-estar aos nossos filhos", falou Carolina.
ESTIGMA
Embora seja uma necessidade médica, a mãe lamentou o fato de os pacientes e seus familiares ainda enfrentarem o preconceito.
"Quando falamos que fazemos uso da cannabis, as pessoas nos olham de uma forma. Mas quando elas se dão conta que é a maconha, sentimos aquele estigma, sabe? Ainda enfrentamos muito preconceito. Tudo isso torna ainda mais difícil ter acesso ao tratamento", lamentou Carolina.
LUTAS NA JUSTIÇA
A Aspampas tem as doações de terra para iniciar o plantio, porém, antes ainda tem uma longa jornada judicial. A primeira delas é formalizar sua existência, depois, a concessão de habeas corpus para dar vida à fazenda.
"Será o primeiro espaço com essa finalidade em Mato Grosso. Isso já é praticado em outros estados, como São Paulo, mas aqui será pioneiro. Não é um pleito simples, envolve questões morais, sociais, históricas. Mas acreditamos na sensibilidade do magistrado que julgará a causa para que os pacientes tenham uma vida melhor", falou o advogado da Aspampas, Matheus Jacarandá.
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