Com isso, parte das discussões passou para a órbita de Oswaldo Ferreira, um dos homens fortes do grupo de Brasília. Esse time, que foi montado por Bolsonaro no início do ano, é composto por generais de sua confiança. Ex-chefe da missão de paz da ONU no Haiti, o general Augusto Heleno desfruta de grande proximidade com Bolsonaro, é conselheiro para assuntos de segurança e defesa e tem atuado em temas de relações exteriores. Ferreira e Aléssio Ribeiro Souto completam o grupo de generais que coordenam debates técnicos sobre diversas áreas do eventual governo.
O movimento é visto dentro da campanha como natural, já que havia grupos diferentes trabalhando em sugestões para as mesmas áreas simultaneamente nas duas cidades. Guedes segue mantendo forte liderança sobre os economistas e especialistas civis que discutem no Rio as diretrizes econômicas de um possível governo Bolsonaro. Esses colaboradores repetem que ele tem a palavra final. Alguns se referem a Guedes até como "chefe".
Os generais em Brasília trabalham a partir da direção apontada por Guedes, que mira em corte de gastos e enxugamento da máquina pública. Não há, contudo, hierarquia entre os generais e o coordenador do programa econômico. Os generais, que trabalham numa sala alugada no subsolo de hotel quatro estrelas de Brasília, respondem diretamente a Bolsonaro.
Lá, eles têm a contribuição de pesquisadores e de militares de outras patentes, como um brigadeiro e coronéis da Aeronáutica e do Exército. Ao total, são quase 30 equipes temáticas envolvidas na elaboração do programa de governo, em discussões sobre educação e gestão de tecnologia.
Com relação de longa data com o candidato do PSL, Heleno é em quem Bolsonaro mais confia. É uma relação de pai e filho, descrevem pessoas próximas aos dois. Eles se conheceram ainda nos anos 1970, quando Bolsonaro era cadete na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e Heleno, um tenente que treinava a equipe de pentatlo. "Era um aluno esforçado", lembra o general.
A relação ficou mais próxima após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. Em abril do ano passado, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Bolsonaro afirmou que Heleno ocuparia em seu governo a posição que quisesse.
Em julho, durante viagem de pré-campanha a Marabá e Parauapebas, decidiu que Heleno, que o acompanhava, seria o candidato a vice em sua chapa. O PRP, partido de Heleno, não quis a parceria e o candidato acabou escolhendo para o posto Hamilton Mourão - que conhece há décadas, chegou a ser seu comandante no Exército, mas tem causado embaraços à campanha. Heleno vem sendo cotado para chefiar o Ministério da Defesa, mas tem mostrado influência em outras áreas, como relações exteriores.
Mais discreto e despojado dos oficiais da reserva que estão na campanha de Bolsonaro, o general Oswaldo Ferreira, ex-chefe do Departamento de Engenharia e Construção do Exército, foi levado para a campanha a convite de Bolsonaro, mas aceitou a missão somente após assegurar que Heleno, por quem nutre grande admiração, estaria no time.
Transportes
Ferreira é colega de turma e amigo de Mourão, mas hoje tem papel mais estratégico na campanha que o vice. Ele vem sendo apontado como um nome forte para assumir a pasta dos Transportes ou a coordenação de governo.
Ex-chefe do Centro Tecnológico do Exército, o general Aléssio lidera discussões sobre educação, ciência e tecnologia. Foi levado para a campanha por Ferreira, com quem atuou no Departamento de Engenharia e Construção quando ambos eram coronéis. Encontraram-se casualmente no início do ano, após anos sem contato. "No meio militar, a gente passa 20 anos sem se ver, mas somos amigos, porque temos em comum a cor da pele emblematizada na roupa", diz.
As propostas devem servir a mais de uma pasta em um governo Bolsonaro, que tem no radar os ministérios da Educação, Esporte e Cultura e outro de Ciência, Tecnologia e Comunicações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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