Na noite última terça-feira, dia 22 de abril, a adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, de 16 anos, foi encontrada morta em Cuiabá. O corpo da jovem foi atirado em um poço situado no Bairro Ribeirão do Lipa, com as mãos e os pés amarrados.
Três homens foram detidos pelo assassinato, e, segundo a mídia, um deles era companheiro da genitora da vítima (Benedito). Suellen, mãe de Heloysa, também foi vítima de tentativa de feminicídio na ocasião. A motivação do delito ainda está em investigação. A perícia apontou que Heloysa sofreu estrangulamento com um cabo de USB, destacando diversas lesões corporais.
A imprensa narrou que o crime aconteceu no início da noite do dia 22, quando Benedito foi até a residência da companheira, juntamente com o seu filho e mais dois adolescentes que ajudaram na prática do crime, onde se encontrava apenas a menina Heloysa. Após o feminicídio consumado, os jovens permaneceram na residência das vítimas, momento em que a senhora Suellen chegou juntamente com uma amiga que trazia uma criança no colo. Assim, as duas mulheres foram abordadas e levadas para um quarto da casa, já que os jovens simularam um roubo, momento em que Benedito não mais se encontrava. Suellen foi brutalmente espancada.
A princípio, a polícia civil trabalhava com a hipótese de roubo seguido de sequestro, pois Heloysa não havia sido encontrada em casa. Curiosamente, o namorado de Suellen compareceu ao hospital, juntamente com ela, simulando estar comovido com o acontecido.
Após a segurança pública ter avançado nas investigações, descobrindo, inclusive, a participação do namorado nos crimes, ele passou a atacar as mulheres vítimas. Não houve fala da defesa quanto aos fatos, mas, sim, contra a vida e vivência dessas mulheres. Benedito, inclusive, afirmou que a sua intenção era de apenas dar um “susto” em mãe e filha.
Na atualidade, é sabido que a tese da “legítima defesa da honra” foi declarada inconstitucional pela Corte Suprema do país, o Supremo Tribunal Federal, onde se torna impossível qualquer defesa baseada em “lavar” a honra do agressor com o sangue da vítima. Entretanto, a vigilância deve ser uma constante, para que as mulheres não sofram indiretamente os efeitos da misoginia.
Ao se permitir que homens agressores de mulheres ofendam a memória delas em vida, ou in memorian, está se admitindo a violação à dignidade da pessoa humana, reforçando os muitos estereótipos patriarcais, e fomentando as muitas ameaças sofridas pelas mulheres pela condição de gênero.
Indignação, tristeza, e medo, se perfazem em sentimentos de toda a sociedade mato-grossense. O risco em ser mulher em alguns locais é visível. Mato Grosso não tem se portado de forma benevolente para com as mulheres, pois o passado histórico não as contempla, e o presente tem sido de temor e violência.
Dejamil, chargista do Jornal A Gazeta, na edição do dia 25/04/2025, muito bem refletiu e sintetizou sobre os riscos para as mulheres em Mato Grosso. Ele retratou a conversa entre um médico com a sua paciente. Na charge o médico diz à mulher: “Parabéns, você está grávida!” E a mulher a responde: “Tenho medo de nascer menina, doutor! Tá perigoso...”
Sigamos... Na esperança de dias melhores para as mulheres de Mato Grosso.
(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual, mestra em Sociologia pela UFMT, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso – IHGMT -, membra da Academia Mato-Grossense de Direito – AMD - Cadeira nº 29.
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