Luiza de Figueiredo Calhao, jornalista. Nascida em Cuiabá em julho de 1866, carinhosamente chamada de “Nhalu”. Filha de Constantino de Figueiredo e D. Ignez Maria Paes de Faria de Figueiredo. Nasceu em Cuiabá em julho de 1866. Casou-se com o Major Emílio do Espirito Santo Rodrigues Calhao em 15 de agosto de 1881, filho de Joaquim José Rodrigues Calhao, falecido em Cuiabá a 14 de junho de 1885, depois de ter contribuído para o seu desenvolvimento cultural. Redator do jornal O Liberal e fundador do jornal A Província de Mato Grosso, que Emílio Calhau, seu filho simplificou para O Mato Grosso, casado com Umbelina Carolina de Jesus Barreto Rodrigues, em 1857, irmã do Pe. Ernesto Camillo Barreto, de Cachoeira, Salvador-Bahia.
Da união de Joaquim e Umbelina nasceu o major Emílio do Espírito Santo Rodrigues Calhao, que se casou com Luiza Maria de Figueiredo Calhau (Nhalu), pais de Amarílio Calháo, casado com Francisca d’Araújo Calháo, Anna de Mattos (Anita) casada com Joaquim Frederico de Mattos, Almerinda (Mili) que faleceu solteira, Ulysses casado com Maria Antônia Cerqueira Caldas e Alcebíades que se casou com Aline de Figueiredo Calhao, sobrinha de D. Nhalu, cujas ramificações se encontram em Cuiabá, registradas em : Calhau de Matos; Calhau; Araújo Calhau; Cerqueira Calhau; Figueiredo Calhau. (Ver as famílias Maria Magdalena das Virgens Figueiredo e Barreto), em livro a ser lançado, pela editora Entrelinhas.
Segundo, o professor Ernani Calhao, a família Calháo, entre os anos de 1857 até 1938 manteve um parque gráfico, em Cuiabá, onde se produziam vários jornais para a cidade. Entre eles, havia a Província de Matto Grosso que, com a proclamação da República, passou a denominar “O Matto Grosso”. Também eram produzidos os jornais “A Reacção”, sob a direção do Bacharel Ulysses Calhao e o periódico “A Liça” dirigido pelo Bacharel e Jornalista Alcebíades Calhao.
Nhalu ao entrar na família, aprendeu a arte de escrever e tornou-se uma promissora jornalista. Um dos trabalhos dela era incentivar a dinamicidade do “Jornal A Voz do Norte”, um jornal noticioso, independente e literário.
Segundo o professor Aecim Tocantins, em carta à Renato Calhao, à época com 16 anos, esse jornal era impresso na Typografia Calhao, em um casarão existente na Rua do Campo, atual Barão de Melgaço onde hoje se localiza o Banco Itaú, no centro da cidade. Reuniam-se ali vários estudantes do Colégio Estadual de Mato Grosso, atual Liceu Cuiabano “Maria de Arruda Muller” e, entre eles o próprio Aecim, seu irmão Amidicis Tocantins, Francisco Nonato de Faria, Benoni de Souza Lima, Joaquim Borges de Albuquerque, Felinto Costa Ribeiro, Delfino Santana Rocha de Mattos (esposo da Profa. Ady de Figueiredo Mattos), Rômulo Corrêa da Costa, informou Calhao.
No meio de todos os homens, lá estava ela, a querida Nhalu, que conforme o professor Aecim, era a orientadora e incentivadora do grupo. No parque gráfico, contavam com o saudoso Matula (José Vespasiano Peche). Matula foi formado pela família Calháo e era de uma inteligência e capacidade extraordinários, mais tarde se especializando nos Estados Unidos da América.
Como os estudantes estudavam no Liceu pela manhã, as reuniões eram à noite, sempre sob o comando da D. Nhalu. Era servido o famoso mate com pão quente da padaria de Vicente Latorraca, logo ali na Rua de Baixo, atual Galdino Pimentel, hoje centro histórico de Cuiabá.
A D. Nhalu era uma senhora corajosa, inteligente e muito preparada. Um fato narrado pelo professor Aecim Tocantins foi a tentativa de prisão do seu filho Ulysses Calhao pela força policial. Houve o empastelamento da Typografia e antes que seu filho fosse preso, D. Nhalu enfrentou o grupo e repeliu com rigor o ato.
O jornal “A Voz do Norte” refletia a visão da juventude daquela época. Toda matéria publicada representava estudos não só literários, mas, do mais alto alcance sócio econômico. O jornal era mantido por assinaturas anônimas e parte dos recursos financeiros eram custeados pela família, era uma prova dos idealismo e patriotismo de uma geração, conforme memória deixada por Tocantins.
Sobre essa valente jornalista ficou estampado na movimentada rua Coronel Escolástico, no bairro Areão, uma estátua denominada “As três Graças”, onde a jornalista “Nhalu” se encontra entrelaçada com as musicistas, Zulmira Canavarros, e Guilhermina de Figueiredo. “Cada uma pertenceu a um período, porém foram mulheres que se destacaram na cidade. Zulmira Canavarros era exímia musicista e nos tempos do cinema mudo, atuava como pianista do Cine Parisiense. Ela compunha músicas e hinos para solenidades”. A obra foi feita pelo artista plástico Leonardo Henrique Lobo de Campos, que fez parte do grupo do conhecido Siron Franco. Leonardo Campos trabalhou com ilustração no jornal “O Popular em Goiânia”, informou o memorialista Francisco das Chagas Rocha.
Por ocasião da Copa do Mundo, em Cuiabá, essa escultura das Três Graças, foi retirada da Avenida Coronel Escolástico, revitalizada e colocada em frente à Rodoviária Eng. Cassio Veiga de Sá, pela secretaria municipal de cultura de Cuiabá, na gestão Mauro Mendes.
Com as obras da passarela, para facilitar o tráfego e a segurança dos pedestres, a escultura foi retirada e, atualmente, se encontra na antiga secretaria municipal de serviços públicos. Ela é feita de cimento, possui tamanho humano e acessórios de sucata e, trata-se de um presente do movimento “Muxirum Cuiabano, a cidade de Cuiabá.
No entanto, o marco turístico da escultura, ainda, hoje, se encontra em frente à igreja São Judas Tadeu, na avenida Coronel Escolástico, suplicando pelo retorno das valorosas mulheres cuiabanas.
(*) NEILA BARRETO é jornalista pós-graduada em História.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.
Daniele Cristina Esteves Monteiro Arguel 06/02/2021
Querida Neila, Meu nome é Daniele Cristina Esteves Monteiro. Sou filha de Hiter Monteiro e Glória Catarina Esteves Monteiro, neta de Ignez Maria Calhao Esteves e Gentil Esteves, bisneta de Alcebíades Calhao e Aline de Figueiredo Calhao, e trineta de Emílio do Espirito Santo Rodrigues Calhao e Luiza de Figueiredo Calhao, a vó “Nhalu”, de quem eu só conhecia o apelido e hoje me emocionei ao ler um pouco da sua história e das minhas raízes. Gratidão pela linda matéria. Gratidão profunda tambem ao querido primo Ernani Calhao por suas preciosas pesquisas e pelo resgate de honra de nossa História.
Ernani 05/02/2021
Parabéns Neila pela matéria. Uma história antiga é recontada com imenso talento por você. Gratidão
2 comentários