"O Ibovespa abriu mais forte, mas perdeu força por conta dessa espera do pacote fiscal. Há dias há essa ansiedade. Agora pode ser que saia na terça, mas a sensação é de que a terça-feira nunca chega, que o pacote não chegará nunca", diz Rubens Cittadin, operador variável da Manchester Investimentos.
No exterior, o quadro é de cautela após uma série de PMIs indicarem fraqueza da economia europeia e ainda devido às tensões geopolíticas. Contudo as bolsas europeias passaram a subir há pouco, em meio ao entendimento de que os sinais de arrefecimento da atividade na Europa sugerem novos cortes dos juros na região e quiçá nos EUA. Ao mesmo tempo, o petróleo tentava zerar a queda, mas o minério de ferro fechou em baixa de 1,09% em Dalian, na China.
Além de a notícia de que a Petrobras pagará R$ 20 bilhões em dividendos extraordinários a seus acionistas agradar aos investidores da estatal, também tende a aliviar as contas públicas. Isso porque tem potencial de ajudar o governo federal na busca pela meta fiscal. A União detém 28,67% do capital da empresa e receberá R$ 5,7 bilhões, que serão considerados como receita primária, pontua em nota a LCA Consultores.
Porém, a informação da distribuição dos dividendos extraordinários em dezembro pela Petrobras é insuficiente para empolgar o Ibovespa, em meio às incertezas fiscais. Depois de quase um mês de promessa de seu anúncio, agora fala-se que o pacote de corte de gastos poderá sair somente na semana que vem.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que levará na manhã de segunda-feira a minuta do ajuste fiscal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as medidas estaria o acordo com o Ministério da Defesa, que deve render uma economia anual em torno de R$ 2 bilhões. A expectativa do chefe da equipe é que, ao fim dessa reunião com Lula, o pacote já possa ser anunciado entre segunda e terça-feira. O valor a ser cortado ainda é incerto.
"A espera pelo pacote tem reforçado a postura cautelosa dos investidores, o que juntamente com a alta global do dólar levou a cotação ontem a superar novamente R$ 5,80/US$", ressalta em relatório Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria. Já o Ibovespa encerrou a sessão de quinta-feira com desvalorização de 0,99%, aos 126.922,11 pontos, com recuo de 0,68% na semana.
Às 11h14, o Índice Bovespa subia 0,49%, aos 127.548,26 pontos, após avançar 0,85%, na máxima aos 127.996,77 pontos, e de mínima de abertura aos 126.944,33 pontos, quando teve alta de 0,02%. Vale cedia 0,26% e Petrobras tinha elevação entre 1,82% (PN) e 1,97% (ON). O dólar à vista subia 0,11%, a R$ 5,8178, refletindo nos juros futuros.
Conforme Cittadin, da Manchester, enquanto o plano de corte de gastos não for apresentado pelo governo federal, o Ibovespa não terá um movimento definido. "Se vier desidratado, aquém dos R$ 70 bilhões, vai gerar mau humor. Esse é o assunto que tem pautado a Bolsa os ativos brasileiros", afirma.
Na agenda brasileira, destaque à divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas à tarde. Conforme Haddad, o documento deve trazer bloqueio "na casa dos R$ 5 bilhões" no Orçamento de 2024.
No exterior, saem a prévia do índice de gerentes de compras (PMI) e a pesquisa da Universidade de Michigan sobre as expectativas de inflação e o sentimento do consumidor dos Estados Unidos.
(Com Agência Estado)
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