Um dos gatilhos para cripto ao longo do ano foi o início da negociação de fundos de índice (ETFs, na sigla em inglês) de bitcoin à vista nos Estados Unidos, em janeiro. Meses depois, os fundos de ethereum entraram no mercado, mas não atraíram a mesma atenção. "O mercado apostou muito, porque olhou para o que ocorreu com o mercado de bitcoin, mas se frustrou. Neste mercado, eles dividem a atenção e a maioria prefere ficar no bitcoin", avalia Beto Fernandes, analista da corretora cripto FoxBit. Ele avalia que mais adiante, com maior confiança do investidor em se expor aos ETFs cripto, a exposição ao produto ligado ao ethereum cresça como uma forma de diversificação.
Em outros ciclos de alta, houve o padrão de, primeiramente, o bitcoin avançar com força e, após uma estabilização do principal ativo cripto, a evolução no valor das moedas secundárias (altcoins). Neste fim de novembro, em que o bitcoin foi barrado na resistência psicológica dos US$ 100 mil, analistas enxergam que os ativos considerados "plataformas" para as finanças descentralizadas já podem capturar a liquidez do mercado. No caso do ethereum, a performance recente abaixo das expectativas pode estar criando uma demanda reprimida. Esse potencial de valorização pode posicioná-lo como uma das grandes apostas para as próximas semanas", aponta em relatório Israel Buzaym, especialista do Bitybank.
Ainda sem deslanchar, o ether ocupa a posição número dois em tamanho com conforto. Enquanto o bitcoin tem US$ 1,88 trilhão de capitalização, o ethereum tem US$ 430 milhões. A stablecoin USDT e a solana, cada uma, estão com cerca de US$ 112 bilhões. O relatório 'Panorama Cripto na América Latina', elaborado pela Bitso com dados do primeiro semestre deste ano, revelou que na região o ativo representa, em média, 19% dos ativos nos portfólios dos usuários.
Concorrente
Como plataforma blockchain para outras aplicações descentralizadas, a rede ethereum é amplamente a mais reconhecida. Projetos que exploram a tecnologia no mercado tradicional dão preferência ao sistema - exemplo é o Drex, a moeda digital do Banco Central (BC). O projeto que está em fase piloto está baseado na Hyperledger Besu, uma blockchain privada baseada em ethereum. A vantagem de estar em uma mesma rede é que diferentes projetos podem trocar informações mais facilmente. Isto dá vantagem ao ethereum para se perpetuar como o sistema mais utilizado.
Só que existem concorrentes, como a solana, em que as transações são mais rápidas. O criptoativo foi largamente financiado pela FTX antes de a empresa americana quebrar. Passou um período apagado, por estar associado à companhia que estava envolvida em fraudes, mas voltou a ganhar destaque em 2023. A blockchain da solana é a mais utilizada para emissão das chamadas memecoins (moedas criadas para viralizar nas redes sociais, puramente especulativas). No atual ciclo do mercado, este nicho do mercado está efervescente, com a liquidez das moedas meme como Dogecoin e Shiba na máxima histórica no mercado americano, segundo a casa de análises Kaiko.
"Tecnologicamente, ethereum é muito mais consolidada do que solana. Mas o ativo começou a se valorizar muito porque investidores viram que a moeda estava muito barata e resolveram apostar", diz Fernandes, da FoxBit. Ele não acredita, no entanto, que a solana concretize as expectativas de ser a "ethereum killer". "Podemos descartar uma morte da rede ethereum. A solana está se atualizando, quer melhorar falhas do seu sistema, mas está tentando se gabaritar. Ao mesmo tempo, já existem projetos robustos que são chamados até de 'solana killers'."
(Com Agência Estado)
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