De acordo com um levantamento do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), foram registrados 1.177 atendimentos relacionados a acidentes envolvendo crianças e adolescentes entre 1º de janeiro a 14 de agosto de 2024. O tipo de acidente mais frequente foi a queda, seguido por acidentes de bicicleta e picadas de animais peçonhentos. Outras ocorrências incluíram casos de atropelamentos e acidentes de moto. A média mensal de acidentes foi de aproximadamente 147, o que destaca a gravidade e a frequência dos incidentes que afetam a população jovem da região.
A alta incidência de quedas e outros acidentes evidencia a importância de promover ambientes mais seguros e campanhas de conscientização para os pais e responsáveis sobre práticas seguras no cotidiano infantil.
O levantamento aponta que as quedas representam a principal causa de atendimento, com 699 ocorrências em crianças e adolescentes de um a 16 anos. Segundo o pediatra Dr. Arlan de Azevedo Ferreira, essas quedas ocorrem principalmente em ambientes domésticos, especialmente entre crianças até três anos, que ainda não têm habilidades motoras desenvolvidas e podem cair da cama, de cadeiras ou mesas. "O cuidado contra isso é a vigilância por parte dos adultos", alerta o médico.
Além disso, o Dr. Arlan destaca a importância de todos conhecerem a manobra de Heimlich para lidar com engasgos, que também são comuns entre crianças pequenas. "Objetos engolidos que podem obstruir a traqueia devem ser removidos imediatamente com a manobra adequada. A falta de tratamento correto pode resultar em asfixia e até na morte da criança", explica.
AFOGAMENTOS E QUEIMADURAS
Outra preocupação são os afogamentos, que, embora menos frequentes, têm consequências potencialmente fatais. Dois casos foram registrados no HMC, envolvendo crianças de um e dois anos. O pediatra reforça a necessidade de supervisão constante em piscinas e rios, principalmente em festas ou eventos familiares. "Em ambientes de festa, é comum que cada um dos responsáveis ache que o outro está cuidando da criança", adverte.
As queimaduras também foram um ponto de destaque no relatório, com 13 casos atendidos. Dr. Arlan enfatiza a importância de cuidados preventivos, como o uso de churrasqueiras adequadas e a supervisão de crianças em ambientes com fogões ou outras fontes de calor.
"Situações em que se utilizam, por exemplo, rodas de caminhão como churrasqueiras, que ficam baixas, ocorrem acidentes gravíssimos com muita frequência, principalmente com o uso do álcool líquido que deixa uma névoa altamente inflamável e que produz queimaduras muito extensas", diz o pediatra.
ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS E MORDIDAS DE ANIMAIS
Os acidentes automobilísticos, incluindo atropelamentos e colisões, totalizaram 92 atendimentos no período. O pediatra ressalta que o uso de cadeirinhas e cintos de segurança adequados é essencial para proteger as crianças. "Crianças sofrem graves traumatismos por serem expulsas ou esmagadas por não estarem usando cinto de segurança adequado para a idade", conta.
Os casos de mordidas de animais somaram 31 registros, um número que o pediatra considera alto e evitável com cuidados simples, como manter animais domésticos presos e evitar o contato direto entre eles e as crianças.
ABUSO SEXUAL
Embora o HMC tenha registrado apenas um caso de abuso sexual, Dr. Arlan sublinha a gravidade dessa situação. Ele adverte que, na maior parte desses casos, as crianças são atendidas no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), após serem encaminhadas pela delegacia de polícia onde os casos devem ser registrados e é por onde se inicia toda a abordagem da criança abusada.
"Os cuidados já começam com as vacinas contra hepatite, HPV e uso de antibióticos para prevenir sífilis, somados à coleta de exames antes do início imediato dos medicamentos que previnem a criança de contrair o HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis ou gonorreia", comenta.
DADOS NACIONAIS
Os acidentes domésticos figuram entre as maiores causas de mortes de crianças e adolescentes. Segundo dados preliminares do Ministério da Saúde, em 2023, foram registrados 8,6 mil óbitos, o que corresponde a uma média de 23 mortes por dia.
Ainda em 2023, as quedas resultaram na internação de 34.067 crianças menores de dez anos em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS).
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.