O documento faz críticas nominais a Tarcísio e ao secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, pelas mudanças no programa de câmeras corporais e por "ações mal planejadas de larga escala e alto risco", como as Operações Escudo e Verão, na Baixada Santista.
O governo afirma que ampliou o trabalho de inteligência policial e que conseguiu reduzir o índices de criminalidade (leia a íntegra da nota ao final da matéria).
A comissão da OAB afirma que o governador e seu secretário de Segurança lançam mão de uma "retórica de enfrentamento violento ao crime e desprezo aos direitos do cidadão".
"A relação permissiva entre a política de segurança pública adotada pelo atual governo de São Paulo e o aumento da violência policial não pode ser ignorada. A eficácia da ação da polícia depende de treinamento, de armamento adequado, de inteligência e da sua capacidade de estabelecer uma relação sólida e positiva com a população", diz o documento.
Outro ponto de insatisfação da comissão da OAB é a decisão do governo de criar uma Ouvidoria da Segurança Pública, diretamente subordinada ao secretário de Segurança, como alternativa à Ouvidoria das Polícias, órgão independente comandado por um representante da sociedade civil.
A comissão da OAB critica também o Ministério Público de São Paulo, por falta de abertura ao diálogo: "Nenhum dos ofícios e convites para reuniões foram respondidos." Em entrevista ao Estadão, Cláudio Aparecido Silva, que recentemente encerrou o mandato na Ouvidoria das Polícias, já havia reclamado do "distanciamento" do MP.
Procurado, o Ministério Público afirmou que "exerce criteriosamente o controle externo da atividade policial" e que mantém diálogo permanente com a sociedade civil.
Veja as seis recomendações da OAB:
- Uso de câmeras corporais com gravação contínua e armazenamento das imagens por até um ano;
- Revisão dos protocolos para uso da força policial;
- Criação de mecanismos de apoio e de proteção a vítimas de violência policial;
- Fortalecimento da Ouvidoria das Polícias de São Paulo;
- Investimento nos órgãos de fiscalização e controle interno da atividade policial, como as corregedorias da Polícia Militar e da Polícia Civil;
- Aproximação com o Ministério Público
COM A PALAVRA, O MINISTÉRIO PÚBLICO DE SÃO PAULO
O MPSP informa que exerce criteriosamente o controle externo da atividade policial, o que inclui, evidentemente, a questão da letalidade policial. Exemplo disso foram as duas Recomendações expedidas pelo Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (GAESP) ao comandante da Polícia Militar e ao delegado-geral da Polícia Civil, conforme noticiado pela imprensa. Vale ainda ressaltar que o diálogo do Ministério Público com a sociedade civil é permanente. No último dia 6 dezembro, diversas entidades foram recebidas pelo GAESP e pelo próprio procurador-geral de Justiça, fato esse também noticiado pela imprensa, para tratar de temas afeitos à segurança, de forma geral, e à letalidade, em particular.
COM A PALAVRA, O GOVERNO DE SÃO PAULO
O Governo de SP, desde o início da atual gestão, tem intensificado as ações de proteção à população e combate ao crime organizado, gerando um prejuízo de mais de R$ 2 bilhões às facções criminosas. Mais de 7,8 mil novos policiais foram nomeados e cerca de R$ 700 milhões investidos em novos equipamentos, armamentos e viaturas. Ampliamos em quase 90% o número de salas DDM no estado e criamos novos mecanismos para ampliar a rede de atendimento e apoio às vítimas de violência doméstica, como a cabine lilás e o aplicativo SP Mulher Segura.
Esses investimentos permitiram a redução dos principais indicadores criminais em todo o Estado. De janeiro a outubro, São Paulo registrou o menor número de homicídios em 24 anos (2.065), número 3% menor do que no mesmo período de 2023. Os roubos em geral estão no menor patamar na série histórica iniciada em 2001 e cerca de 15% a menos que na comparação ao período anterior. O número de roubos de veículos em 2024 é o 2º mais baixo dos últimos 24 anos, com 25.473 em 10 meses, 16,7% a menos que o mesmo período do ano anterior. Em média, as forças de segurança prendem 23 criminosos e apreendem 28 kg de drogas a cada hora. Esses resultados são fruto do trabalho de inteligência policial que tem sido ampliado na atual gestão. Em relação às câmeras corporais, a atual gestão não só manteve as atuais 10.125 COPs em operação, como irá ampliar em 18,5% o total de equipamentos disponíveis. Os novos equipamentos contam com funcionalidades adicionais, como acionamento remoto, acionamento automático por aproximação em ocorrência, comunicação bilateral, entre outras. A implantação ocorrerá de forma gradual e só terá início quando o sistema estiver plenamente funcional.
Em relação à ouvidoria setorial, trata-se de uma exigência da Controladoria Geral do Estado (CGE) voltada exclusivamente à qualidade e aprimoramento dos serviços prestados pela secretaria. Os casos de violações policiais continuarão sendo de competência da Ouvidoria das Polícias, sem nenhum impacto ou limitação na sua atuação.
(Com Agência Estado)
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