Três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram que a Corte não se submeterá a pressões, seja de quem for, para alterar o rumo do julgamento do mensalão, que ainda depende o relatório do ministro revisor Ricardo Lewandowski para ter a data marcada. Segundo reportagem da revista Veja desta semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar adiar o julgamento do mensalão em troca de blindagem na CPI do Cachoeira.
Divulgação Em edição da revista Veja deste domingo, uma reportagem aponta que o ex-presidente Lula pressionou Supremo para não julgar caso do Mensalão
O presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, disse que não viu malícia na conversa que manteve com o presidente Lula, durante almoço no Palácio da Alvorada, a convite da presidente Dilma Rousseff, quando Lula perguntou sobre o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e emendou "qualquer dia desses a gente toma um vinho".
“O meu testemunho é favorável a distinção do Lula. Ele nunca me fez o menor pedido. Já conversei com Celso Antônio. Tomamos café da manhã hoje. Lula nunca tocou nesse assunto com Celso Antônio. Prefiro acreditar que o Gilmar fez uma interpertação equivocada disso. Todos nós somos pessoas vacinadas. Somos curtidos nesse tipo de enfrentamento, de insinuação. Isso não influencia a subjetividade do julgador. Por mais que seja política a ambiência do mensalão, o julgamento vai ser técnico, impessoal, objetivo, em cima das provas dos autos”, disse Ayres Brito.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Presidência do PT negaram-se ontem a comentar a polêmica aberta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Quando indagado se Lula falaria sobre a questão, um assessor do ex-presidente disse: "Ligue para Brasília e peça para o Gilmar explicar a história". O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também não deu declarações.
O ministro Marco Aurélio Mello disse não ter sido procurado pelo presidente Lula, mas destacou que mesmo que esse pedido tenha sido feito a outros ministros não mudará o andamento do processo.
”Eu geralmente guardo com as pessoas uma cerimôna maior. Não que me isole, sou um juiz aberto a ouvir, mas claro que ouço em audiência marcada no gabinete. O diálogo pode ser mantido, mas respeitando o predicado maior da magistratura que é a independência. O presidente Lula tem uma forma toda própria de tocar sua atuação e respeitamos essa forma, mas ela não pode evidentemente ter influencia no campo do julgamento”, justificou o ministro.
Marco Aurélio ainda declarou que “para mim juiz é ciência e consciência possuídas. Nada mais. Lula fez os pedidos como cidadão cumum, é porque ele não guarda qualificação de advogado. Quem o ouviu deve partir dessa premissa de que quem está falando é o cidadão comum e deve dar o desconto cabível. E tenho certeza que os colegas darão”, destacou.
Segundo a reportagem, o ministro Ricardo Lewandowski - revisor do caso - é outro que teria sido procurado pelo ex-presidente, mas teria provocado contrariedade em Lula ao sinalizar que deve acelerar o julgamento. Procurado, o ministro negou qualquer interferência de Lula no processo e informou que espera liberar o processo o mais rápido possível. Fontes do Supremo acreditam que a tendência é que isso aconteça no próximo mês.
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