Contrastes: Cuiabá e Campo Grande

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Trago neste texto alguns dados importantes para compararmos o desenvolvimento das cidades de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, e Cuiabá, em Mato Grosso. São diferenças e semelhanças estabelecidas a partir da divisão do estado, em 1977, e tendo como ponto inicial a abertura política em 1982.

Mato Grosso do Sul possui hoje 79 municípios com aproximadamente 2.700.000 habitantes. Destes, mais de 30% estão morando na capital. Mato Grosso tem 141 municípios com aproximadamente 3.310.000 habitantes e menos de 20% mora na capital. Se somarmos com a população de Várgea Grande chegaríamos somente a 25% do total da população do estado.  

Em 1980 Campo Grande tinha uma população de aproximadamente 300 mil habitantes. Hoje chega a 863.982 habitantes. Cuiabá, que em 1980 tinha 219 mil habitantes, hoje tem 585.367 pessoas. Se somarmos a Várzea Grande, por ser separada apenas pelo rio Cuiabá, podemos acrescentar mais 271 mil pessoas e assim chegaremos a números semelhantes com a capital de Mato Grosso do Sul, 857 mil habitantes no aglomerado urbano.

Uma vez que ambos os municípios (Cuiabá e Campo Grande) são também a sede de seus governos estaduais e termos como base o ano da abertura política (eleitos pelo voto direto em 1982). Mato Grosso do Sul teve até agora seis governadores. São eles: Wilson Barbosa Martins (dois mandatos), Marcelo Miranda, Pedro Pedrossian, Zeca do PT (dois mandatos), André Puccinelli (dois mandatos) e Reinaldo Azambuja.

Curiosidades: destes governadores, três deles (Wilson Barbosa Martins, Marcelo Miranda e André Puccinelli), antes de serem governadores, foram prefeito também da capital, sem contar que o atual governador, Reinaldo Azambuja, embora tenha sido prefeito de Maracaju, é nascido na capital e também já disputou a prefeitura de Campo Grande. Do total de governadores, apenas Marcelo Miranda é mineiro, embora tenha chegado a Campo Grande com apenas três anos de idade, e o André Pucinelli que é Italiano de nascimento. Os demais nasceram no estado do Mato Grosso do Sul.

No estado de Mato Grosso, considerando o mesmo período (1982/2016), tivemos sete governadores eleitos: Júlio José de Campos, Carlos Bezerra, Jayme Campos, Dante de Oliveira (dois mandatos), Blairo Maggi (dois mandatos), Sílval Barbosa e Pedro Taques.

Curiosidades: apenas Dante de Oliveira Martins foi prefeito em Cuiabá antes de ser governador. Exceto Pedro Taques e Blairo Maggi, todos os demais foram prefeitos em alguma cidade do estado. Júlio e Jayme em Várzea Grande, Bezerra em Rondonópolis, Silval em Matupá. Apenas Dante de Oliveira e Pedro Taques são nascidos na capital, Blairo no Rio Grande do Sul e Silval no Paraná. Júlio e Jayme são de Várzea Grande e Bezerra é nascido em Chapada dos Guimarães.

Na economia, o estado de Mato Grosso é incomparável hoje com o estado coirmão de Mato Grosso do Sul, embora ambos tenham como carro-chefe o mesmo nicho de mercado (agronegócio), a malha viária do estado de Mato Grosso, apesar de ser bem mais complexa, é também mais completa; chega a localidades e distâncias bem maiores. Entretanto, os dois estados ainda possuem localidades isoladas em períodos de chuva por terem excesso de estradas sem asfalto.

Vejam que são muitas as semelhanças entre os dois estados, olhando apenas para estes últimos anos (1982/2016) das duas capitais, ou aglomerado urbano, como queira. Por que então o distanciamento nas questões de mobilidade urbana e a infraestrutura das capitais? Isso tem que ter uma explicação. Os prefeitos de lá foram mais competentes? A cidade recebeu mais recurso? Os governos estaduais de lá foram mais generosos com a capital de seu estado? O desenvolvimento e as necessidades do interior interferem na aplicação de recursos na capital? A população de lá é mais colaborativa com a cidade que a população daqui?

Mais uma coisa é certa, o campo-grandense só vota em quem é de Campo Grande, enquanto o cuiabano e o várzea-grandense distribui seu voto pelo estado todo. Mas a conclusão é sua afinal com disse o poeta Manoel de Barros, “Desfazer o normal há de ser uma norma”.

*JOÃO EDISOM é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso e colaborador do HiperNotícias.

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