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Escrever e coçar é só começar... Simples, não! Mas não é bem assim, a não ser que o escriba tenha a genialidade de um Pablo Neruda, poeta e escritor chileno que certa feita, quando questionado por um abelhudo de plantão a respeito do ofício, não tendo como explicar o inexplicável (pois que arte não se explica; se contempla, se admira, gosta ou não), tascou esta que considero uma pérola de criatividade, tão marcante, quanto enxuta: “Escrever é fácil: começa com uma maiúscula e termina com um ponto”. Ponto final.
Com efeito, a tarefa de juntar sinais do alfabeto, catar letra por letra e dar a elas um sentido, não é tarefa tão simples como coçar o nariz. Sobretudo quando a inspiração não aparece a um simples estalar de dedos, a exemplo do que agora me ocorre. Mas, fazer o quê se linhas abaixo estão à espera de serem preenchidas!
Então, vou em frente. Preto no branco, pois que coluna de jornal, na essência, é isto. A junção de cores opostas e impressas que buscam traduzir, além da narrativa de fatos, como acontece no jornalismo informativo, factual, ou meramente de devaneios, como o que agora faço.
E sempre na expectativa de satisfazer, além de mim e meu modesto intelecto, os leitores deste espaço, nobre e domingueiro do Diário de Cuiabá – jornal que, ao longo de sua trajetória vem privilegiando textos opinativos, seja uma crônica singela ou artigos reverberantes.
Como um assunto puxa outro, tenho a dizer que não me considero propriamente um torcedor, desses fanáticos e portadores de rivalidades que, a meu ver, chegam ser estúpidas, incompreensíveis mesmo para o meu entendimento de torcedor eventual e, portanto, leigo na matéria. Dentre os sentimentos rivais, beirando ódio, destaco o fato de torcedores de outros grandes times terem torcido pela derrota do Corinthians no jogo contra o Boca Juniors.
Especialmente, minha incompreensão se torna maior porque era uma partida final e a derrota corintiana, que não houve, não beneficiaria na contagem de pontos ou na tal de repescagem, e que não sei o que isso significa, nenhum outro clube do país, seja o Santos, Palmeiras ou São Paulo; do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, do Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia ou Pernambuco e por aí afora...
Sobre essa questão, perguntei ao Giovani, meu filho, que é palmeirense “doente”, porque ele, na poltrona ao lado, diante da TV, torcia pela derrota do Corinthians, se o seu Palmeiras, pelo menos em tese, não seria beneficiado, direta ou indiretamente. “Porque se fosse o Palmeiras que estivesse jogando contra o Boca, os corintianos estariam torcendo contra nós feito loucos”, foi a resposta.
Porém, na minha lógica besta de não fanatizado pelo futebol, entendia e entendo que o Corinthians, no jogo contra os argentinos, representava o Brasil, aquilo que Nelson Rodrigues, ele torcedor fanático do Fluminense, cunhou de “Pátria de Chuteiras”, numa feliz alusão à Seleção Brasileira. E o Timão, numa disputa sul-americana entre clubes, fez as vezes, ou até melhor, da Seleção. Subjugou os aguerridos jogadores do Boca, de começo a fim, mas, com maior ênfase, para delírio, orgasmo coletivo da sua fiel legião de seguidores, o predomínio do Timão aconteceu no segundo tempo. Os argentinos não conseguiam sequer respirar; perderam a pose e a disputa!
Torci a favor, é claro, e quase virei corintiano!
Mas, ainda estou pensando seriamente se me incorporo à nação. Branco no preto e um Timão, simbólico e também real, como escudo!
(*) MÁRIO MARQUES DE ALMEIDA é jornalista em Mato Grosso. Site: www.paginaunica.com.br - E-mail: [email protected]
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