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Desde os tempos das entradas e bandeiras, os sorocabanos têm uma forte ligação histórica com Cuiabá. Paschoal Moreira Cabral e Miguel Sutil são considerados fundadores da cidade. Os dois bandeirantes paulistas descobriram e exploraram a mineração aurífera na região, fixando, às margens dos córregos Prainha e Coxipó-Mirim, pequenos povoados que deram origem à capital mato-grossense.
Marcos Raimundo |
De lá para cá, muitos outros sorocabanos, guiados pelos sonhos e pelas trilhas deixadas por tropeiros e monçoeiros, vieram fazer a vida nestas paragens.
Na década de 1980, foi a vez de alguns jornalistas seguirem o rumo dos velhos bandeirantes. Lúcio Tadeu, Roseli Cordeiro, Aristides Pires e Ailton Segura aportaram mansamente na calorosa e mítica Cuiabá.
Todos militantes de esquerda, fugiam, de certa forma, dos tempos duros da repressão e do isolamento profissional imposto contra eles em sua terra natal. Eram idealistas e lutadores, mas alegres e maleáveis. A convicção ideológica vinha depois do compromisso com a retidão da notícia.
Segura, porém, o mais radical e intransigente, subvertia este princípio. Doutrinário, era filiado à organização clandestina “Liberdade e Luta”, a Libelu, e a política era a premissa de qualquer ação para ele. Não que não fosse afável e bem-humorado, Ailton era apenas pragmático.
Tão pragmático que em 1982, candidato a vereador pelo PT, em Sorocaba, resolveu fazer a anticampanha. Ou, greve de campanha. Não produziu jingle, cartaz ou santinho. Não participava de comícios e, quando se pronunciava publicamente, era para pedir que não votassem nele. Sua negativa era um estranho ato político. Uma denúncia contra a falsa democracia que, a seu ver, se instalara no país.
Mas, como o eleitor tem sua própria lógica, Segura ainda somou 380 votos, apenas 120 a menos do que necessitaria para se eleger. Até agora ninguém sabe se a atitude de Segura foi um ato revolucionário ou uma ousada estratégia de marketing.
Hoje, titular de uma das cadeiras do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso, tranqüilo e em paz com sua história, Ailton Segura apenas coça sua vetusta barba e esboça um leve sorriso quando alguém puxa o assunto.
Um sorriso enigmático, que mais oculta do que desvenda. Um sorriso de “Monalisa” que desafia a inteligência de todos.
(*) PAULO LEITE é escrito, publicitário e jornalista e escreve para HiperNoticias às quartas e sextas-feiras.
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Van Hausen 27/06/2012
AH! Fala sério..."Me bate,me chuta: sou Liberdade e Luta"?Quem diria...E eu nunca desconfiei que havia "trosko"na mercantil categoria que ora "milita" nestas paragens.Bom sinal;sinal que, nem tudo está perdido!
1 comentários