Após ter o mandato cassado por seis votos contra um pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta terça-feira (10), e ficar inelegível por oito anos, a senadora por Mato Grosso Selma Arruda (PODE), afirmou que não volta mais para a política.
Senado
A senadora Juíza Selma (Podemos-MT)
Em áudio enviado em grupos de Whatsapp, a parlamentar disse estar com a consciência tranquila e destacou que agora irá aproveitar a aposentadoria. Selma Arruda aposentou-se da magistratura e concorreu ao cargo de senadora pelo PSL. Adotando um discurso de combate radical à corrupção, que lhe rendeu o apelido de “Moro de Saia”, ela foi eleita com 678,5 mil votos.
“Eu vou levar isso para vida. Já disse aos meus filhos que estou saindo de cabeça erguida. Estou saindo com a consciência tranquila, porque eu tentei”, disse a senadora em um trecho do áudio.
“Não vou mais para política, nem que a vaca tussa. Nem que a vaca tussa não conte comigo para mais nada nessa política. Agora eu vou aproveitar minha aposentadoria como eu deveria ter feito antes. Agora eu vou entregar os pontos, mas não sem a consciência tranquila de ter tentado. Um grande abraço a todos vocês, muito obrigado pela força, pela torcida”, completou ela.
Selma ressalta ainda que sua cassação seria um “recado” ao ex-juiz federal e atual ministro da Justiça Sérgio Moro e ao procurador do Ministério Público Federal da força tarefa da Lava-jato, Deltan Dallagnol.
“Eu sei que eu sou um exemplo que eles querem dar para Sérgio Moro e Dallagnol para não ousarem entrar para política, me disseram isso inclusive os dois ministros aí que vem da advocacia que os ministros em geral não têm simpatia pelas pessoas que saem da justiça e vão para política. Portanto a gente sabe que o que aconteceu comigo é um recado para o Moro”.
Processo de cassação e o voto de Fachin
Em abril, o Pleno do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/MT) cassou o mandato da senadora, por unanimidade, e o de seus suplentes, Gilberto Eglair Possamai e Clérie Fabiana Mendes, por abuso de poder econômico e caixa 2.
O limite de gastos para o cargo de senador nas eleições de 2018 em Mato Grosso era de R$ 3 milhões, segundo a Resolução TSE 23.553/2017.
Somente a captação ilícita de recursos pela chapa encabeçada por Selma Arruda alcançou o percentual de 50% do teto de gastos para a disputa, o que revela a gravidade da conduta. Em comparação com o valor total de gastos declarados pela campanha – R$ 1.704.416,93 –, o montante de despesas não declaradas atingiu 72,29% desse valor.
Negando todas as acusações, a senadora recorreu ao TSE. Na noite desta terça-feira (10), o órgão superior seguiu a decisão do TRE-MT, e manteve a cassação. Além disso, os ministros votaram pela inelegibilidade da parlamentar por oito anos.
Acompanharam o voto do relator Og Fernandes, os ministros Luis Felipe Salomão, Tarcisio Vieira de Carvalho Neto, Sérgio Banhos, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber. Votou contra a cassação apenas o ministro Edson Fachin.
“O voto do Fachin lavou a minha alma, a única pessoa que leu aquele processo foi o Fachin. Graças a Deus não foi nenhum corrupto, graças a Deus foi um ministro decente, cujos votos honram todos nós naquele STF. Vou levar isso para a vida”, citou Selma Arruda.
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