O ex-procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges, expôs racha com a atual gestão do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), chefiada pelo procurador Deosdete Cruz Júnior, que é seu sucessor. A negativa de Deosdete de disputar a reeleição teria causado 'desconforto' aos membros do MP. Informações foram reveladas durante entrevista à Rádio Cultura nesta quinta-feira (23). Nos bastidores, especula-se que o atual procurador-geral tenha declinado da reeleição - dada como certa - para galgar uma das duas vagas a desembargador, que devem ser abertas pelo Quinto Constitucional no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
"Deosdete tem plena legitimidade a concorrer ao cargo de desembargador, até já falei isso para ele. Se ele quer ir, vai ter até o meu voto, não é problema nenhum. Mas é verdade que, dentro da classe, causa um desconforto saber que seu timoneiro já busca outro barco enquanto está nos comandando. Causou um desconforto na classe", comentou José Antônio Borges.
O ex-PGJ também revelou que, com a novidade, as movimentações para sucessão no Ministério Público já estão a todo vapor. As articulações eleitorais, inclusive, distanciaram ainda mais Borges e Deosdete. Isso porque, segundo José Antônio, à época da campanha do atual procurador-geral, houve compromisso entre os dois para que uma mulher o sucedesse. Agora, Deosdete estaria firmando ao promotor Rodrigo Fonseca da Costa.
"Quando eu apoiei o doutor Deosdete, o nosso compromisso era de que nós iríamos apoiar uma mulher. O doutor Deosdete nesse sentido não manteve esse compromisso e está apoiando o doutor Rodrigo Fonseca da Costa, um colega promotor de Rondonópolis que é seu assessor parlamentar e eu continuo o compromisso de que uma mulher ou uma das mulheres que se candidatarem teriam meu apoio", asseverou.
LISTAS AO TJ
Duas vagas de desembargador devem ser abertas ao Ministério Público no Tribunal de Justiça entre agosto deste ano e abril de 2025. Isso porque os magistrados oriundos do MP, Paulo da Cunha e Guiomar Teodoro Borges se aposentam nas datas. Embora não confirme a intenção, a especulação é de que Deosdete deva se alçar a uma das vagas. O promotor Wesley Sanchez também é um nome forte, já que foi o mais votado na última promoção, tanto no Ministério Público quanto no TJ. Ele, contudo, não passou no crivo do governador Mauro Mendes (UB) a quem cabe a nomeação.
A pretensão dos dois promotores pode adiar os planos de uma lista integralmente de mulheres no Ministério Público, conforme defende José Antônio Borges. Conforme o ex-PGJ, a definição dependerá da articulação do Conselho Superior do MP.
"Essa decisão se serão seis mulheres será dada pelo Conselho. Se nosso Conselho aprovar, o procurador-geral não pode fazer nada quanto a isso. Agora, na outra vaga de abril, ele pode concorrer e terá meu voto. Não há nenhuma resistência dele ser desembargador da minha parte, será uma horna tê-lo lá pelo preparo que ele tem. Nós só não queremos que tenha o clube do bolinha, deixe uma vaga para uma mulher ser desembargadora", explicou Borges.
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