Além disso, ela revela a intenção de processar o Governo de São Paulo por falta de apoio. "Nenhuma autoridade entrou em contato para perguntar se estamos bem. Ninguém fala em justiça para um pai de família. Eu e meus filhos não existimos mais", diz a viúva.
Em entrevista coletiva no dia 11 de novembro, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, foi questionado sobre o contato com a família do motorista e afirmou que a melhor resposta é prender os criminosos.
"A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo lamenta demais a morte do motorista de aplicativo. Infelizmente, o Brasil vive essa situação hoje. Aqui em São Paulo, nós decidimos enfrentar esse maior problema, que é o crime organizado. A melhor resposta para a família é identificar o mais rápido possível e realizar a prisão, fazendo justiça contra os assassinos que levaram esse trabalhador a morte", disse Derrite em coletiva de imprensa.
Questionada novamente na segunda-feira, 18, a Secretaria de Segurança Pública ainda não manifestou.
A viúva afirma ter recorrido a uma "vaquinha" entre os colegas de trabalho para custear o funeral do marido, baleado durante a execução do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), na última sexta-feira, 8, no Terminal 2.
O carro que Celso utilizava para trabalhar possui um financiamento bancário com R$ 57 mil de saldo devedor. Simone diz que não tem como continuar pagando o veículo.
"Vou ter de entregar o carro do meu marido porque não tenho como pagar. Nós pagamos aluguel. Vai ser muito complicada a minha vida. Ganho dois salários-mínimos e tenho três filhos para sustentar", diz a funcionária pública.
A maior preocupação de Simone neste momento é com o sustento dos três filhos: o caçula, de apenas 3 anos, um adolescente, de 13, e outro jovem, de 20 anos. Simone conta que o marido era responsável por cerca de 80% do orçamento doméstico como motorista de aplicativo. "Meu filho de 20 anos está me ajudando, mas não é o suficiente."
Diante da falta de contato das autoridades, Simone revela que deverá acionar o governo de São Paulo na esfera judicial. "O certo seria eu nem precisar entrar com um processo. O certo seria que eles me procurassem, mas pretendo entrar com um processo sim", afirma. "Eu só sei o que está acontecendo com as investigações pelo que passa na mídia. Não tenho acesso a nada", reclama.
Como foi a execução do empresário no Aeroporto de Guarulhos
O empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach foi morto na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto de Guarulhos. Ele era delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator.
O ataque ocorreu por volta das 16 horas e os atiradores estavam com o carro estacionado, à espera da vítima. Uma dupla de criminosos realizou pelo menos 27 disparos, conforme a perícia. Gritzbach foi atingido por dez tiros de fuzil, que transfixaram seu corpo.
O delator voltava de viagem com a quando foi atacado a tiros. As imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Guarulhos mostram Gritzbach levando uma mala de rodinhas quando é surpreendido pelos atiradores. Ele tenta fugir, é atingido pelos disparos e cai perto da faixa de pedestres. É possível ver outras pessoas correndo por causa do tiroteio.
(Com Agência Estado)
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