Hoje (29) às 19.30h, tomo posse na Cadeira 19, na Academia Mato-grossense de Letras, cujo Patrono é o Dr. José Vieira Couto de Magalhães, nascido a 1º de novembro de 1837, o fundador de Várzea Grande, o qual descendeu de Fernão Magalhães, o heroico, navegador lusitano, de quem disse Camões haver sido “no feito, com verdade Português”. Veio Couto de Magalhães da velha Diamantina, coração de Minas Gerais, berço dos movimentos nativistas e das jazidas auríferas e com quem Mato Grosso, em seus primórdios, estabeleceu e ainda mantém fortes vínculos. Couto de Magalhães faleceu a 14 de setembro de 1898, no Rio de Janeiro, aos 61 anos. Seus restos mortais estão sepultados no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
O primeiro ocupante da Cadeira 19 foi o dr. José Barnabé de Mesquita, poeta parnasiano, romancista, contista, ensaísta, historiador, jornalista, genealogista e jurista, formado pela tradicional Faculdade de Direito de São Paulo, em 1913. Homônimo de seu pai, assinava somente José de Mesquita, e foi como se tornou mais conhecido e imortal. Nasceu aos 10 de março de 1892, em Cuiabá, Capital do estado de Mato Grosso, filho de José Barnabé de Mesquita (Sênior) e Maria Cerqueira de Mesquita. São inúmeras as atividades realizadas ao longo de sua vida (1892-1961): Um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (1919) e do Centro Mato-grossense de Letras (1921), hoje Academia Mato-Grossense de Letras, instituição que presidiu de 1921 até 1961, ano de sua morte, ou seja, pelos primeiros 40 anos da Instituição onde hoje tenho a honra de tomar posse e ocupar a Cadeira 19, onde ele inaugurou.
A minha predecessora e a segunda ocupante da cadeira 19 foi VERA IOLANDA RANDAZZO, de quem sinto orgulho de suceder. Foi a terceira mulher a integrar a Academia Mato-Grossense de Letras pois, aqui já se encontravam Ana Luiza Prado Bastos (1919) que ocupou, na diretoria, o cargo de Tesoureira e era conhecida, na intimidade, como Professora Galega. A segunda mulher a ingressar na Instituição foi Maria de Arruda Müller, e a terceira Vera Iolanda Randazzo, nascida em Caxias do Sul-RS, aos 21 de setembro de 1927, descendendo de Roberto Edmundo Randazzo e Cecília Compagnoni Randazzo. Veio para Mato Grosso em 1955, Estado que adotou como seu e onde prestou relevantes serviços.
Implantou o atual Arquivo Público do Estado, organismo idealizado pelo Acadêmico Lenine de Campos Póvoas, que era Secretário de Administração do Estado, nomeando-a como sua primeira Diretora. Técnica e arquivista na Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso; Organizadora do acervo documental do Instituto Memória do Poder Legislativo, em seus primórdios; Membro da Comissão de Estudos de Fronteira, para exame de questões de limites entre os estados de Mato Grosso e Goiás; publicou artigos nos jornais O Estado de Mato Grosso, A Tribuna Liberal, O Social Democrata, Diário de Cuiabá, Correio da Imprensa, e nas Revistas do IHGMT e da AML.
Escreveu os seguintes livros: Pajemeira, pajemeira!; as cartas do grande chefe à sua esposa; quando morreu Pascoal Moreira Cabral; Catálogo de Documento Históricos de Mato Grosso; Contribuição à história do Arquivo Público de Mato Grosso: Catálogo da exposição de documentos mato-grossenses da Proclamação da República: 91º aniversário; Catálogo da exposição de documentos históricos em homenagem a Poconé – bicentenário; Integridade territorial de Mato Grosso e o acordo com Goiás, dentre outros.
Em reconhecimento ao seu trabalho e produção intelectual, foi sócia fundadora da Sociedade Amigos de Rondon, sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, sócia correspondente da Academia Paulistana de História, membro da Ordem dos Bandeirantes de São Paulo. Sucedeu, com muita honra, ao fundador e primeiro presidente da Instituição, José de Mesquita, ingressando na Academia Mato-Grossense de Letras aos 10 de março de 1982, e durante toda permanência na instituição demonstrou muito talento, cordialidade em meio a muita alegria, fortes emblemas de seu caráter.
A apresentação da acadêmica VERA IOLANDA RANDAZZO ao Pai Celestial, se deu a 14 de fevereiro de 2019, após sua longa vida terrena de mais de 91 anos, como filha, esposa, mãe, avó, bisavó e trisavó.
Assim como Vera Iolanda, por estas paredes endurecidas pela história, receberemos o ânimo do brio e o estímulo do civismo, principalmente das mulheres que por aqui passaram e por aquelas que hoje estão, como deixando o seu legado, tais como:
| Data de admissão |
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Ana Luiza Prado Bastos | 07/09/1921 | 1ª mulher |
Maria de Arruda Müller | 26.01.1931 | 2ª mulher |
Vera Iolanda Randazzo | 10/03/1982 | 3ª mulher |
Maria Benedita Deschamps Rodrigues (Dunga Rodrigues | 19/09/1984 | 4ª mulher |
Nilza Queiroz Freire | 25/11/1993 | 5ª mulher |
Yasmin Jamil Nadaf | 27/10/1995 | 6ª mulher |
Elizabeth Madureira Siqueira | 22/11/1995 | 7ª mulher |
Amini Haddad Campos | 01/09/2006 | 8ª mulher |
Marília Beatriz de Figueiredo Leite | 10/09/2013 | 9ª mulher |
Lucinda Nogueira Persona | 30/09/2014 | 10ª mulher |
Marta Helena Cocco | 31/10/2014 | 11ª mulher |
Sueli Batista | 18/11/2014 | 12ª mulher |
Maria Cristina de Aguiar Campos | 02/05/2015 | 13ª mulher |
Luciene Carvalho | (14/08/2015 | 14ª mulher |
Lindinalva Correia Rodrigues | 12/11/2019 | 15ª mulher |
Neila Maria de Souza Barreto | 29/11/2019 | 16ª mulher |
Que assim seja, amém.
(*)NEILA MARIA SOUZA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História e escreve às sextas-feiras para HiperNotícias.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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