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Artigos Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019, 07:40 - A | A

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Sexta-feira, 13 de Dezembro de 2019, 07h:40 - A | A

NEILA BARRETO

China: Uma imagem perpetuada no tempo

NEILA BARRETO

Reprodução

Neila Barreto

Alguns passam, muitos passam e deixam pegadas. China passou mas deixou rastros luminosos nos corações cuiabanos e mato-grossense. Nascido Ivonildo Gomes de Oliveira em 21 de fevereiro de 1929, em Nazaré da Mata, Pernambuco, filho de Severino Francisco de Oliveira (Bita) e Lupércia Gomes de Oliveira, ficou órfão aos seis anos de idade, sendo tutelado pelos tios Ornilo e Joanita, morando com eles em companhia do seu irmão Pepe e seus primos Vavá e Vardinha.

Na música foi iniciado pelo padrinho João Alves Cantalice, o maestro Joaquinha. Precoce, aos 14 anos já compunha a banda A Revoltosa, como sax soprano. Buscando novos caminhos, migrou para Recife-Pe logo sendo admitido na fábrica de tecidos Hoton Lins Bezerra de Mello, de imediato tomando assento na banda da fábrica, aos 16 anos. Seu horizonte precisava de espaços maiores. Rumou para São Paulo-SP e ingressou na orquestra Salgado e no interior fundou o seu primeiro conjunto, aos 18 anos. Daí para frente não parou mais.

Passou por Mato Grosso, hoje do Sul, onde cantou em rádio e, em 1954 chegou a Cuiabá pelas mãos do jornalista Roberto Jacques Brunini, logo após integrando a Orquestra Cuiabana de Melodias, sob a regência do maestro Cadorna Angelli. Só saiu da Rádio A Voz do Oeste quando fundou seu conjunto “China e os seus Coleredes, cujas apresentações eram feiras no Clube Feminino, à época, sob a presidência de Dona Nini Constantino, esposa do dr. Nilson Constantino.

Porém, só a música não era suficiente para uma vida digna. Foi assim que ingressou na antiga EFLA – Empresa de Força, Luz e Água, em 1° de maio de 1961, como fiscal de rede, permanecendo na antiga Companhia de Saneamento da Capital – SANEMAT, até 17 de fevereiro de 1992, quando se aposentou-se, como técnico em hidrometria.

Com o seu conjunto a partir de 1954 compôs os cenários de clubes e boates da Capital como o Feminino, Náutico, Grêmio Antônio João, Dom Bosco, Sayonara. Gravou seu primeiro compacto com o hino em homenagem ao Clube Operário Várzea-grandense, em Mato Grosso, não parando mais de gravar até os seus últimos dias.

Suas pegadas estão imortalizadas na criação da área de HIDROMETRIA (conserto de hidrômetros) da SANEMAT, da SANECAP – Companhia de Saneamento da Capital, hoje Águas Cuiabá e, em companhia de abnegados companheiros.

Focando o passado, pelos idos de 1975/1976 - quando uma humilde oficina de hidrômetros se localizava em baixo do reservatório elevado da Estação de Tratamento de Água – Austregésilo Homem de Mello, o cacerense “Barão”, localizada na Avenida são Sebastião, na capital-, sempre por lá estava Mestre China e seu fiel "escudeiro”, o FIUFIU, sempre com um problema novo. Hoje nessa Estação de Tratamento de Água, seu nome está imortalizado no Café Bar China, no Memorial da Água Eng° José Luiz de Borges Garcia.

Mestre China se orgulhava intensamente do seu trabalho e dos seus amigos. Em 1977, ocupou orgulhosamente o cargo de chefe de manutenção de hidrômetros em uma oficina novinha, instalada na Regional do Porto, Estação de tratamento de Água, às margens do rio Cuiabá, berço do saneamento da Capital. Do seu trabalho ele não reclamava, mas sempre achava que o seu saxofone não estava à altura de sua capacidade.

No pensamento do engenheiro JORCY França, amigo e colega de trabalho de Mestre China, uma imagem ficou perpetuada no tempo: “Trata-se de um momento de extrema alegria e felicidade, quando, em seu novo local de trabalho, ele abriu uma encomenda. Era um sax "novinho em folha", que acabara de chegar da Alemanha”.

Aquele instrumento vistoso protagonizou vários ensaios festivos nas folgas proporcionadas no ambiente de trabalho, seja à hora do almoço ou no final do expediente. “Mestre China realmente alegrava o ambiente da Regional da SANEMAT do Porto, hoje Estação de Tratamento de Água “Wilson Pereira Padilha”, recorda o técnico.

A sua ida para a Universidade Federal de Mato Grosso também foi um momento único. Mestre China, assim como Mestre Franco, Mestre Hilário Gorgonho de Oliveira, Mestre Álvaro puderam ensinar aos universitários, mesmo não tendo a oportunidade de freqüentar uma universidade. Não importa. O mais importante é que construíram discípulos verdadeiros e humanos.

A geração dos mestres do saneamento básico no estado de Mato Grosso caminha vagarosamente para o seu final, dando lugar às novas tecnologias e aos novos profissionais na área. Porém, nada substitui a sabedoria e a experiência dos pioneiros. ‘Eram mais verdadeiros’, por assim dizer, interpretação de colegas de ofício, incluindo a geração mais aprimorada na concepção e utilização de técnicas diferenciadas. As mesmas que hoje possibilitam a obtenção de resultados mais práticos e seguros, de acordo com as demandas calcadas e conseqüentes ações calcadas na preservação ambiental.

Trabalho de Mestre China está perpetuado na história do saneamento básico de Cuiabá, sendo referência no Estado de Mato Grosso.

Cuiabano a partir de 1969, China – apelido recebido em função dos seus pequeninos olhos puxados, é pai de seis filhos cuiabanos, nove netos e uma bisneta.

 

(*) NEILA BARRETO SOUZA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História e escreve às sextas-feiras para HiperNotíciasE-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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