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Artigos Quarta-feira, 20 de Maio de 2020, 10:55 - A | A

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Quarta-feira, 20 de Maio de 2020, 10h:55 - A | A

EDUARDO POVOAS

Cenas da minha janela

EDUARDO POVOAS

Arquivo pessoal

Eduardo Povoas

Essa quarentena vai deixar marcas indeléveis na memória de saudosistas como eu.

Estou recluso na minha casa respeitando todas as orientações das autoridades de saúde (àquelas que são independentes), até por ser eu da área, e ter a absoluta consciência do perigo que nosso país e o mundo atravessa.

Vou à janela do meu quarto milhares de vezes ao dia, chegando ao ponto de parecer ver o maldito Corona se afastando de nós.

Através dela “vejo” Médicos, Enfermeiros, e outros profissionais da saúde no afã de preservar nossas vidas, ralando muito dentro de Hospitais, Upas e Pronto Socorros. Escuto múrmuros daqueles que necessitam trabalhar para sustentar sua família e daqueles que veem seu comércio descendo ladeira abaixo. Rezo por eles.

Vejo vidas e mais vidas sendo ceifadas pelo maldito vírus Chinês, vejo meu vizinho me dando um bom dia através da sua, e ainda através dela, enxergo com muita nitidez, um filme que me é familiar.

Voltam as cenas dos anos de ouro que nesta cidade vivi. Os amigos, os campinhos do campeonato de futebol de bairro, as brincadeiras dançantes do Clube Feminino e do Dom Bosco embaladas por Jacildo e seus rapazes, o bingo dançante aos domingos no Clube Feminino, os banhos na praia do Náutico, e o futebol no Dutrinha, Colégio Estadual e na Igreja da Boa Morte.

Essa fase da querida Cuiabá jamais voltará.

Naquela época, sem ladrão e sem assaltante, a gurizada fazia desta cidade seu picadeiro.

Continuo na janela com olhar perdido no horizonte parecendo ver a correria para se chegar cedo aos domingos na matinê do Cine Teatro Cuiabá para trocar gibis, e depois apreciar os gols do futebol do Rio e de São Paulo através do Canal 100.

À noite era o “footing” na Praça Alencastro, escutando a banda do 16 Batalhão de Caçadores (era o nome à época), o barulho da fonte luminosa, as cadeiras pretas pesadas do Bar do Bugre e do Bar Pinheiro nas calçadas e a Preta (irmã do jogador Traçaia) chamando as meninas para brincar de roda com ela.

Nessas cadeiras sentavam aqueles protagonistas e coadjuvantes do nosso futebol. Dirigentes e jogadores se misturavam entre um ou outro gole de cerveja para comentar a partida da tarde no Dutrinha.

Imperava nesta cidade uma nuvem de amizade, de solidariedade e fraternidade que só quem foi envolto por ela, saberá calcular.

Amanhã volto de novo pra janela. Talvez novas surpresas me venham à tona.

 

(*) EDUARDO PÓVOAS é pós graduado pela UFRJ.


Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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